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URBANIDADES: INTERVENÇÕES é um projeto visa estreitar os laços entre a Universidade Federal de São João del Rei e a comunidade local, tornando as atividades e o conhecimento, produzidos dentro do Curso de Graduação em Teatro, acessíveis e em comunicação com a população. Em primeira instância, o projeto partiu da realidade cotidiana e da memória pessoal de moradores da cidade e dos participantes do projeto para criar um repertório de materiais e pontos de partidas para as ações. Foram realizadas experiências de imersão através de intervenções performáticas por parte dos estudantes, bolsistas e voluntários que entraram em contato direto com os transeuntes, moradores, nosso público alvo neste projeto. Como metodologia, o projeto dialoga com os conceitos de Escultura Social de Josef Beuys, da Estética Relacional de Nicolas Bourriaud, da Partilha do Sensível de Jacques Rancière e de A Invenção do cotidiano de Michel de Certeau, realizando imersões, intervenções performáticas, oficinas, rodas de discussões a partir das leituras. Coordenação: Ines Linke

           O CONCEITO DE INTERVENÇÃO URBANA

 

As intervenções teatrais/performáticas trazem a quebra para a cidade pois esta possui uma lógica de transição àqueles que se movimentam no meio urbano. Elas “colorem” o cinza habitual que faz com os transeuntes não se atentem os locais evidentes e não evidentes da cidade passando assim despercebidos pelos mesmos e utilizando espaços pouco utilizados ou inutilizáveis normalmente. O artista na rua, quebra com a noção dos lugares demarcados e pode causar outro olhar daquele que passa pelo mesmo lugar sempre.

Ele e obrigado a perceber se no espaço enquanto percebe o outro. Por que se situa de outra forma naquele momento, pois ele para tempo. “Segundo, minuto, hora”.

O conceito de teatro “de invasão” desenvolvido por André Carreira nos propõe uma dramaturgia construída no espaço urbano utilizando se do mesmo para essa criação. A cidade impõe formas de uso dos espaços e essa criação possibilita uma ação de ruptura com essa lógica. “Urbe espetacularizada” pode ser lida e entendida como dramaturgia. Não só o espaço físico da cidade faz parte do espetáculo, mas também o cidadão que passa compõe toda a dramaturgia. Quando ele diz invasão, fala de um estado de ruptura que acontece quando executado.

Esse teatro “de invasão” nos dá subsidio para a junção do teatro e da performance em meio a rua. Em seu artigo “Teatro de invasão: redefinindo a ordem da cidade" André Carreira (2008) afirma: “A cidade impõe formas de uso social e condiciona modos de operação...” diante disso, o cidadão está acostumado a um plano de caminho rotineiro que ‘deve seguir’ quando permanece naquele espaço. Como um condicionamento inquestionável, o espaço está delimitado. Nesse ambiente de conflito, o teatro encontra uma fenda onde pode florescer e atuar com uma política efetiva de desconstrução de significantes estabelecendo relação direta com transeuntes, espaço físico e comunicações influentes como propagandas. Assim se torna possível a “criação de um espetáculo de rua que aborda a rua como dramaturgia” (CARREIRA, 2010), onde o cidadão faz parte desse meio e “interfere na silhueta da cidade urbana a partir de sua leitura do texto da cidade” (CARREIRA, 2010). ´Assim, podemos observar uma aproximação entre o espectador e a obra sem separação daquele que assiste e aquele que faz, pois, o diálogo já se é possível ser estabelecido a partir da construção que se dá dentro dos limites da cidade entre artista e público e as possibilidades oferecidas proporcionadas durante a utilização/experimentação do espaço.

 

PIQUENIETZSCHE:

 O encontro semanal comporta as leituras, discussões das referências teóricas do grupo e o desenvolvimento de ideias de futuras ações. Os encontros ocorreram nos diversos espaços públicos em diferentes bairros da cidade. Nessas ocasiões surgiram pequenas intervenções, de ações coletivas, situações e objetos que apresentaram um rompimento da lógica cotidiana, promovendo novos olhares sobre os espaços.

CAMINHADAS PERFORMÁTICAS:

 

Em diferentes pontos da cidade, centrais e periféricos, o grupo desenvolveu uma caminhada inspirada na prática da ‘deriva’ de Guy Debord a fim de explorar os ambientes da cidade. Os participantes deixavam se levar pelo desejo interior de maneira que a condução do percurso fosse o mais espontâneo possível. Isso possibilitou aos participantes um contato direto com a matéria física desses lugares e além disso uma experimentação corporal que tais matérias causavam em seus corpos. As caminhadas aconteceram de forma coletiva com todos integrantes como proponentes das ações/movimentações de maneira aleatória durante todo o processo.

EXPEDIÇÃO:

 

 Conhecer/Explorar os lugares que pouco ou nunca frequentamos. A ideia foi mapear esses espaços diferentes do convívio dos integrantes com a finalidade de despertar o olhar e sugerir construções a partir dos interesses de cada um. Estas que não possuíam um padrão ou forma específica de fazer. Um andar despretensioso e cheio de foco ao mesmo tempo onde o importante era ver, observar e alimentar a criatividade para um trabalho posterior.

BEM COMUM:

 

Série de eventos e oficinas para compartilhar diferentes modos de fazer, discutir saberes cotidianos e promover a troca de conhecimentos, o (re)uso de materiais e a ocupação coletiva de espaços em conjunto com moradores de diversos bairros.

DIÁLOGOS (IM)POSSÍVEIS: ESPAÇOS E LUGARES DA CENA

Coordenadoras Ines Linke - UFSJ e Eloisa Brantes - UERJ

 

Buscamos a partir das interações da cena com os conteúdos preexistentes dos espaços (fatores históricos, simbólicos, culturais, econômicos, políticos, geográficos, arquitetônicos, ecológicos, sociológicos, etc.) refletir como as práticas usam, (re)inventam, articulam, transformam, ignoram e/ou omitem elementos dos lugares e contextos específicos nas instancias da criação e (re)apresentação.

 

ENTRE LUGARES: Memorias d'agua

Dia 14.10.2010

Proponentes: Ines Linke e Eloisa Brantes

Realização: Urbanidades

 

Observação: Os participantes do Urbanidades e Transeuntes e alunos do curso de teatro ajudarão colecionar e recolher recipientes de vidro transparentes (devidamente limpos) e guardá-los na sala do Transeuntes/Pibid entre os dias 07.10-13.10.

 

Momento 1

Ação coletiva no rio. Coletamos água que foi transportada, por um breve trajeto, para o CTAN.

 

Momento 2

 

Instalação participativa com água, vidro e luz buscando a visibilidade dos materiais e matérias em um espaço de passagem entre objetos e corpos, estados sólidos e líquidos, permanência e fugacidade, história e memória, pessoal e coletivo.

(Texto: Inês Linke, 2014)

TRAVESSIA 

 

Ação realizada para destrinchar possíveis diálogos transitórios na faixa de um semáforo. O esgotamento de possibilidades no sinal vermelho resulta em experimentações corporais diretas com o tempo presentes, os corpos transeuntes e os espaços inocupados.

 

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